Lanche em aviões de carreira começa a ser cobrado
A Gol passou a cobrar pelo lanche servido nas viagens entre o aeroporto internacional de Guarulhos (SP) e as capitais Porto Alegre, Salvador, Fortaleza, Recife e Belém. A cobrança começou anteontem nessas rotas e só exclui o pacotinho de amendoim japonês e uma bebida não alcoólica.
A empresa oferece um cardápio com sanduíches frios, cerveja, vinho tinto, chá, capuccino, chocolate, além de petiscos como castanha de caju e batata chips. A maioria das bebidas custa R$ 3 e os sanduíches variam de R$ 10 a R$ 15 (combo, com uma bebida não alcóolica e um acompanhamento).
Para justificar a medida, inédita entre companhias aéreas brasileiras, a Gol afirma que absorveu "a demanda dos clientes". Segundo sua assessoria de imprensa, "muitos passageiros concordaram com a cobrança à parte por um lanche mais completo". A assessoria, porém, não informa se foi feita pesquisa.
Anteontem, a reportagem viajou de Salvador (BA) a Guarulhos em um avião da Gol, às 10h. A novidade foi anunciada pelos comissários na primeira das cerca de três horas de voo.
As comissárias passaram pelo corredor distribuindo o cardápio. Depois, retornaram anotando pedidos. Quando o passageiro recusava a compra, a comissária oferecia a refeição de cortesia --amendoim e bebida sem álcool. A maioria dos passageiros comprou o lanche.
Apesar de ser uma novidade no Brasil, especialistas dizem que a venda de alimentos durante o voo já é feita em rotas domésticas nos EUA e na Europa há alguns anos. É uma forma de reduzir o custo de operação das companhias aéreas e gerar receita extra.
"O serviço de bordo não tem o custo apenas daquilo que é servido. Existe o custo de armazenagem, que não pode ser por muito tempo. O que sobra a bordo precisa ser jogado fora. É como assento de avião. Quando não é usado, é mercadoria perdida", diz Paulo Bittencourt Sampaio, diretor da Multiplan Consultores Aeronáuticos.
Segundo o consultor André Castellini, da Bain & Company, as empresas trabalham com margem de lucro baixa --entre 1% e 2%. "Embora o serviço de bordo não pese muito, o setor opera com margens muito pequenas. Então, o custo disso acaba fazendo diferença."
Segundo a assessoria de imprensa da Gol, a cobrança passará a valer "futuramente" para "todos os voos" com duração superior a duas horas, mas não informou quando estenderá a medida para as demais rotas.
A TAM informou, via assessoria de imprensa, que "não oferece serviço de bordo cobrado à parte e não tem projeto para a implantação desse modelo". O Snea (Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias) não quis comentar o assunto.
Fonte: Folha Online
VERIDIANA RIBEIRO
da Folha Ribeirão
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